O mundo assiste, mais uma vez, as escaramuças entre árabes e judeus. Novo lance da desavença de séculos, onde dois povos – judeus e palestinos – reclamam um território para ter como seu. A nossa geração já encontrou consolidada a geopolítica que hoje vigora no Oriente Médio. Isso porque, em 1948, em trabalhos dirigidos pelo brasileiro Oswaldo Aranha, a Organização das Nações Unidas (ONU) criou o Estado de Israel e deveria ter também instalado o da Palestina, mas acabou não o fazendo por falta de entendimento na região e dúvidas entre os apoiadores. Acomodada apenas a situação dos judeus, a tensão continuou. Já assistimos incidentes pequnos mas letais e as guerras dos 6 dias (1967) e do Yon Kippur (1973), que mudaram o mapa da região e potencializaram as rusgas.
No sábado (07), por inércia política da ONU em resolver esse grave e secular conflito, eclodiram os ataques do grupo Hamas contra o sul de Israel. A guerra foi oficialmente decretada e já produziu pelo menos mais de mil mortos. Não sabemos quanto tempo durará e nem a proporção que tomará, já que ambos ao lados contam com aliados poderosos. Penso, no entanto, ser exagerada a tese daqueles que falam na possibilidade de ser o estopim da 3ª Guerra Mundial. É preciso lembrar que vivemos hoje quadro totalmente diferente dos anos de 1914 e 1939, em que começaram a 1ª e a 2ª Guerra Muncial. Naquele tempo as guerras eram convencionais – tanto que durava anos – e hoje exitem armamentos nucleares e uma imensa parafernália eletrônica que os cientistas d izem serem capazes de destruir o planeta várias vezes (como se isso fosse possível). Mas, é preciso considerar que quem tiver a condição de apertar o botão para começar a guerra certamente pensará muito antes disso, pois poderá estar decretando o fim da própria vida. O escritor Monteiro Lobato, numa entrevista ao final da vida (ele morreu em 1948) disse que haveria paz no mundo quando todos os países tivessem a bomba atômica pois uns respeitariam aos outros. Naquela época a humanidade estava impactada pelas bombas atômicas lançadas em Hiroshima e Nagasaki, ao final da 2ª Guerra Mundial.
Voltando ao conflito atual no Oriente Médio, a nós brasileiros é importante considerar que nosso país é amigo dos dois lados. Temos aqui, plenamente integradas, uma comunidade de 120 mil judeus e de 50 mil palestinos que convivem harmonicamente. Certamente têm suas diferenças históricas, filosóficas e até econômicas, mas estas não os antagoniza em território brasileiro. As diferentes comunidades oriundas do Oriente Médio convivem pacificamente e, com o seu trabalho, contribuem com a economia nacional.
Algumas vozes especulam a participação do presidente Lula na busca de solução para o conflito. O melhor que ele tem a fazer no caso é pedir pelo entendimento sem , contudo, envolver-se na questão. Qualquer sugestão que apresente antagonizará o lado desfavorecido. Temos de lembar que a briga é entre dois “amigos”. Melhor não optar por um deles e, se possível, convencê-los a que se entenda (se é que isso é possível entre palestinos e judeus). Nada impediria, porém, que realizasse gestões para que a ONU se reformule e seja mais assertiva ao mediar as divergências entre os países-membro. Em vez de permanecer o quadro de poder apenas para os chamados “grandes”, o organismo, para ser eficiente, teria de contemplar e defende r os interesses de todos e buscar à exaustão os acordos para evitar que o conflito mal resolvido seja o motivo do confronto de amanhã. Só dessa forma é que poderemos ter a Nações, verdadeiramente Unidas...
Por
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves - dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) -
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