No dia 14 de maio de 1948, quando criou o Estado de Israel e infelizmente, só não fez o mesmo com a Palestina em razão de dificuldades então insanáveis, a Organização das Nações Unidas (ONU) objetivava obter a paz para o conflito milenar encravado no Oriente Médio. Tivesse conseguido destinar um território para judeus e outro para palestinos, alcançaria a paz que, lamentavelmente, não se concretizou. Ao longo dos três quartos de séculos que nos separam da atribuição do pedaço de terra que judeus podem chamar de pátria e palestinos – se o tivessem aceito também poderiam assim classificar, o mundo já assistiu a Guerra do Suez (1956), a dos Seis Dias (1967), do Desgaste (1969/70), Yin Kippur (1973) e dez enas de outros conflitos, atentados e manifestações da falta de entendimento na região. A geopolítica da área alterou-se por obra da força e o povo paga com sofrimento a falta de consenso entre seus líderes. Para piorar, o terrorismo encontrou habitat favorável e constitui mais um fator de desavença regional.
O sonho original das nações reunidas na ONU (hoje são 193) torna-se cada dia mais distante. A guerra Israel – Hamas parece, hoje, algo interminável. Os observadores mais radicais chegam a especular que só terminará quando um acabar com o outro e os prudentes lembram que será impossível Hamas destruir Israel, um pais estruturado e desenvolvido, mas também não será fácil Israel liquidar definitivamente com o Hamas que, embora não seja um Estado oficializado, recebe aporte logístico e financeiro dos adversários dos judeus. A observação mais lógica neste momento é que o mundo tende a conviver com mais esse impasse e com os horrores da guerra, que, em menos de um mês, já liquidou 10.000 pessoas, a maioria delas mulheres, idosos e cria nças que nada têm a ver com o conflito.
E a ONU, outrora patrocinadora da paz, não tem hoje poder para determinar a suspensão das ações bélicas. Não o fe4z com Israel-Hamas e nem em relação à guerra Rússia-Ucrânia, que já dura quase dois anos (a primeira invasão em 24/02/2022) e não encontra solução. Os países-membro precisam encontrar as formulas de restabelecer a paz antes que os conflitos de ampliem e possam levar ao risco da temida 3º Guerra Mundial que, se ocorrer, será nuclear e ter capacidade de destruir o planeta. Muito diferente da 1ª e a 2 Guerras, que foram convencionais e disputadas no corpo-a-corpo.
Da forma que vem funcionando, a ONU não passa de um Clube do Bolinha. Qualquer decisão de suas assembléias, mesmo que com adesão total, pode ser vetada por um dos cinco países privilegiados *Russia, Estados Unidos, França, Inglaterra e China). A determinação de cessar fogo entre Israel e Hamas – proposta pelo Brasil – foi vetada pelos Estados Unidos e não se concretizou. Para não ser tão colonialista, o veto poderia, pelo menos ter de ser votado aprovado por dois terços. Do jeito que hoje funciona, não passa da ditadura do mais forte que determina e o resto é obrigado a obedecer. Logo, a ONU é uma instituição de joelhos aos cinco membros poderosos ou – o pior – até a um deles, isoladamente.
Talvez tivesse sentido a existência de membros com direito a veto em 1945, ano em que a a organização foi criada e ainda acabada de sair da 2ª Guerra Mundial. Mas hoje isso não faz o menor sentido. Apenas enfraquece o organismo e o transforma numa verdadeira vaca de presépio perante o mundo, sem poder de decisão nem força para fazer valer suas decisões. Assim, não tem razões para existir. Seria mais prático atribuir suas funções exclusivamente aos cinco países com poder de veto. Ele resolveriam os problemas do mundo com maior rapidez e menor custo. E a ONU ficaria reservada apenas à promoção da jantares e festinhas...
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Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves - dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) - aspomilpm@terra.com.br