No dia 23 de outubro, segunda-feira, uma adolescente morreu após tiros serem disparados nas dependências da Escola Estadual Sapopemba, localizada na zona leste de São Paulo. Durante o ataque, outros três feridos foram socorridos e atendidos no Hospital Geral de Sapopemba, um deles se machucou ao tentar fugir durante o ataque. A Polícia Militar foi acionada e apreendeu o autor dos disparos e a arma utilizada por ele.
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Segundo uma testemunha, o aluno sofria bullying e vinha avisando aos alunos que faria um massacre. “Hoje ele saiu da sala e voltou atirando, sem olhar quem. Depois foi atrás das vítimas na escada”, completou.
Há duas décadas o Brasil tem registrado ataques semelhantes, e o bullying, é apontado como um dos principais problemas enfrentados nas escolas brasileiras. Os autores apontam “discursos de ódio, bullying, racismo, misoginia, intolerância étnica ou religiosa” como motivadores majoritários para casos desse tipo.
Antes do crime desta segunda-feira, os casos mais recentes no país haviam ocorrido em Minas Gerais e no Paraná. Em 10 de outubro, um estudante de 14 anos foi morto e três ficaram feridos, em um ataque com faca, feito por um ex-aluno da Escola Profissional Dom Bosco, em Poços de Caldas. Em junho, dois estudantes foram mortos a tiros no Colégio Estadual Professora Helena Kolody, no Paraná. O suspeito, um ex-aluno de 21 anos, foi encontrado morto dias depois na cadeia.
Em abril, em outro caso chocante, um homem de 25 anos invadiu uma creche, em Santa Catarina, armado com uma machadinha e um canivete e matou quatro crianças. Em março na Vila Sônia, em São Paulo um adolescente de 13 anos entrou na Escola Estadual Thomazia Montoro, e deixou uma vítima fatal, a professora Elizabeth, 71 anos, e mais quatro professoras e dois alunos feridos a faca.
Um em cada três ataques violentos já registrados em escolas brasileiras aconteceram no ano de 2023, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgado em abril. Em julho, quando divulgou o anuário, o Fórum Brasileiro da Segurança Pública alertou sobre a urgência na tomada de providências para combater o fenômeno.
Como vereador, na cidade de Itaquaquecetuba, propus o projeto de Lei Nº 91/2023 que dispõe sobre instituir o dia 07 de abril como o “Dia de Combate ao Bullying e a violência na Escola” e cria a semana correlata. O projeto objetiva que a semana seja dedicada à conscientização e promoção de eventos e palestras com o objetivo de combater o bullying e a violência nas escolas.
Defendo a presença de psicólogos no quadro das unidades de ensino com o objetivo de melhorar a qualidade do processo ensino-aprendizagem, construir ambientes escolares mais harmônicos e saudáveis e buscar instrumentos para apoiar o progresso acadêmico adequado do aluno, respeitando as diferenças individuais. Bem como, defendo o “botão do pânico”, um dispositivo que, ao ser acionado, envia uma mensagem ou sinal para uma central de monitoramento, avisando que algo perigoso está acontecendo. Ao pressioná-lo, o botão não emite nenhum tipo de som, o que auxilia na preservação da integridade da pessoa que o acionou.
A escola deveria ser um espaço seguro e um ambiente de proteção e as várias situações de violência não coadunam com essa ideia.
Ambientes com frequentes episódios de violência, seja em casa, na rua ou na escola pode levar as crianças a entenderem a violência como uma forma normal de resolver conflitos. Assim a escola pode se tornar reprodutora da violência social na medida em que problemas do mundo externo interferem no ambiente escolar.
É preciso ações de todas as forças atuando na política social para o bem comum, ampliando o alcance de políticas socioeducativas mais inclusivas e promovendo ações para tornar a educação escolar mais eficiente, atraente e segura para alunos, profissionais da educação, pais e comunidade.
Por
Lucas do Liceu, vereador em Itaquaquecetuba, gestor Educacional e CEO do Grupo Educacional Liceu