A política remove montanhas, até aquelas que parecem intransponíveis. A aliança Lula-Alckmin acontecida na eleição passada, depois de décadas de atuação antagônica – um no PT e o outro no PSDB – é prova disso. Ambos conseguiram superar as diferenças e pruridos dos anos de críticas cruzadas e juntaram o capital político. Lula somou os votos carreados por Alckmin à chapa para, com isso, ter mais facilidade para bater Bolsonaro nas urnas. E entregou ao ex-governador paulista, então sem mandato, a lasca do poder cabível à vice-presidência, vitaminada pelo importante Minis tério da Indústria, Comércio e Desenvolvimento. A partilha pode ter desagradado tanto petistas quanto tucanos ou socialistas, mas rendeu frutos. O ex-governador – hoje filiado ao PSB - vem trabalhando a área econômica e oferecendo relevante suporte ao presidente nos assuntos genéricos que envolvem o governo. Agora, mesmo, deve estar perdendo os seus parcos cabelos para minimizar a polêmica em que o chefe do governo se meteu no caso Israel-Palestinos.
Na posse de Flávio Dino no Supremo Tribunal Federal, o vice-presidente teve outra atuação inusitada. Católico conservador reconhecido durante toda a vida, foi à festa na suprema corte e, depois dela, compareceu à missa ao lado do novo ministro, um suposto ateu, já que foi filiado e militante do Partido Comunista do Brasil (PC do B). Ambos assistiram ao ato religioso juntos e colocaram dinheiro no ofertório. Prova de que a política opera verdadeiros milagres. Menos mal quando isso está apontado para a pacificação, como parece ser o caso em tela.
Geraldo Alckmin – vereador, presidente da Câmara e prefeito de sua cidade, deputado estadual e federal, vice-governador e governador de São Paulo em vários mandatos e, agora, vice-presidente da República e ministro – tem estrutura e conhecimento suficientes para trabalhar a pacificação política. Oxalá encontre o espaço indicado para prestar mais esse serviço ao País que, a cada dia mais, necessita da ação de bombeiros mas, infelizmente, tem deparado com mais incendiários do que deveria.
Em sua atuação, o nosso vice-presidente tem ocupado os espaços de forma pacifista. Isso não só leva estabilidade ao governo como evita a eclosão de crises e desinteligências. Torcemos para que suas origens mineiras e até os exemplos do seu primo, o saudoso, habilidoso e bem-humorado José Maria Alkmin (que não, também foi deputado federal e vice-presidente da República), o inspirem e dêem forças para enfrentar as tormentas e as pedras que os diferentes possam colocar em seu caminho.
Estamos entrando num período politicamente perigoso. As eleições municipais que ocorrerão em outubro serão a prévia ou pelo menos o indutor de tendências para as eleições gerais de 2026, quando todos nós, brasileiros, seremos chamados a votar para a eleição do próximo presidente da República, governadores estaduais, senadores e deputados. Oxalá se consiga em 2024 escolher prefeitos e vereadores que possam colaborar para a pacificação do ambiente.
Política é a arte de dialogar e transformar as divergências em resultados de acordos que beneficiem os dois lados da contenda. O Brasil nunca precisou tanto da atuação nessa direção. Exceto os seguidores fanáticos, todos os brasileiros querem que o País vá bem e sejamos todos felizes e recompensados. É preciso mediar as desavenças e acabar com a política que transforma o adversário em inimigo figadal que se quer ver morto ou pelo menos na cadeia. A aliança Lula-Alckmin é exemplo de que é possível reunir os diferentes em busca de um objetivo comum. Que esse esquema vitorioso influenciem todos os divergentes para s e respeitarem e lembrar que enquanto se digladiam deixam de atender aos interesses do povo que neles votou. Abaixo a polarização...
Por
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves - dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) - tenentedirceu@terra.com.br