Faltando quatro meses e meio para as eleições municipais, .marcadas para 6 de outubro, ainda temos as candidaturas indefinidas, principalmente nas localidades médias e grandes do interior. Nomes citados insistentemente como virtuais concorrentes a prefeito e vereador ainda não confirmaram participação e só deverão fazê-lo nas convenções partidárias, marcadas no calendário eleitoral para se realizarem no período de 15 de julho a 5 de agosto. Até lá, o que mais ocorrerá é a negociação de bastidor. Afinal, possuímos o exagerado número de 29 partidos e federações partidárias. Se todos usassem as vagas de candidato que a lei lhes faculta, teríamos o que, com certo exagero crítico, poderia se definir como mais candidato do que votante.
Exceto nas maiores capitais, onde a política nacional apadrinha candidaturas municipais, não existem ainda os pedidores de votos. É o momento em que todos os portadores da devida lucidez política penasarão muito antes de posar com esse ou aquele apoiador. Raciocine-se que existem no País algo em torno de 33% de seguidores fiés (até fanáticos) tanto de Lula quando de Bolsonaro e outros 33% que não gostam de ambos ou rejeitam a esquerda ou a direita. Antes de aceitar o apoio de um dos lados, o candidato (principalmente a prefeito) deve analisar se isso lhe trará lucro ou prejuízo eleitoral. No momento em que desembarcar à esquerda ou à direita, perderá eleitoras no outro lado e terá mais ou menos dificuldade para atrair os votos de centro. Logo, o candidato mais viável será aquele que não amarrar sua candidatura a nenhum dos caciques nacionais ou es taduais; conseguindo essa postura, poderá obter votos de ambos os lados e ainda dos neutros. Não esquecer que a candidatura é local e, para ser um bom candidato, o concorrente, invariavelmente, conta com seus fiéis seguidores construídos no relacionamento pessoal. As relações com os políticos nacionais e estaduais deve ser apenas protocolar e, por conta da polarização política, ninguém sabe se um apoio vindo de cima será benéfico ou maléfico.
Os diferentes obstáculos que se coloca no processo eleitoral em andamento constituem o indicativo de que o atual quadro encontra-se esgotado e o País necessita da reforma eleitoral. Os partidos políticos já começaram a se fundir em federações, mas ainda são muitos (e seriam muitos mais se mais se 70 que pediram registro e não obtiveram tivessem chegado lá). O Congresso Nacional se prepara para revogar a possibilidade de reeleição de presidente da república, governador de Estrado e prefeito municipal, além de outras alterações pontuais.
Vivenciamos hoje o mais longo período de catálogo democrático. Iniciado em 1985, já soma 39 anos onde muitas esquisitices foram cometidas (e ainda são) em nome da democracia. Fez-se muito proselitismo e pouca evolução. Tanto é que hoje urge a necessidade de reformas econômica, administrativa, política, partidária e tantas outras que coloquem o país em alinhamento com o mundo globalizado.
O prefeito e o vereador, agentes políticos que 156 milhões de eleitores dos 5568 municipios elegerão em outubro são os políticos mais próximos do eleitor. Todos têm de residir e atuar na própria cidade, diferente do presidente, governador, senadores e deputados que buscam votos em todo o país, inclusive nos grotões, mas atuam nas capitais. É por conta dessa diferença básica que os candidatos municipais devem se precaver. Por mais importantes que sejam os políticos nacionais e estaduais que vêm oferecer apoio, mais do que ajudar, estão na verdade tratando do próprio futuro. Já ficou patente nas eleições ocorridas que o prefeito, o vereador e mesmo aqueles que foram candidatos e não se elegeram, serão bons cabos eleitorais nas eleições gerais, quando os figurões precisarão dos votos do povo. A cautelem-se todos os postulantes de 6 de outubro para não correr o risco de, na tentativa de se elegerem, estarem apenas colocando azeitona na empada alheia. Outra coisa que o virtual candidato deve observar – para não quebrar a cara – é a real possibilidade de se eleger. Muitas candidaturas são lançadas exclusivamente para carrear alguns votos para o partido eleger seu figurão (ou dirigente), sabendo-se previamente que a maioria dos concorrentes não tem possibilidade de sucesso. São apenas inocentes figurantes...
Por
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves - dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) - tenentedirceu@terra.com.br