Quando nascem os bebês, começa uma série de preocupações por parte dos pais de como educarão seus filhos. Aliás, as dúvidas começam mesmo antes do nascimento. Nos primeiros dias ou meses de vida, toda criança quer colo. Como nesse início tudo é graça, quando não tem o que deseja, o bebê dá aquele tapinha na cara do pai e a resposta, obviamente muito errada, é um sorriso de aprovação ou condescendência.
Depois, já um pouco maior, quando vão a um shopping center e a criança tem um pedido negado, joga-se ao chão aos berros e, para evitar as birras, o pai faz uma dívida desnecessária, que não tem ou não teria como arcar naquele momento. Nessa mesma fase de vida, a criança aprende que brinquedos espalhados por ela cabe ao irmão mais velho recolher ou aos próprios pais; ou, principalmente às empregadas domésticas.
Já pré-adolescente, começa a chegar com objetos caros em casa com a justificativa de que os ganhou de presente de um amigo, argumento aceito de forma dissimulada pelos pais.
Como consequência natural dessas distorções vêm outros comportamentos como acordá-lo para ir à escola ou aceitar qualquer desculpa para ficar em casa, não obrigar a fazer o dever de casa ou fazer pelo filho.
E o que falar, então, de pais que defendem suas crias, como se fossem vítimas em todas as situações? Ora são as más companhias, ora são os professores. A culpa sempre recai numa sociedade de perseguidores e algozes.
Chegam à idade adulta mimados, despreparados, frágeis, egoístas ao extremo. Incorporam por inteiro o vitimismo resultante da formação que receberam. Costumam ser estúpidos ao extremo com os pais, especialmente na presença de familiares e de amigos muito próximos.
De segunda a sexta-feira, o garoto come o alimento simples dos pais, reclamando da qualidade, mas no fim de semana, derretido como um doce de leite, vai ao Mc Donalds com os amiguinhos gastar os centavos que nunca utilizou para comprar um pão para casa.
Segue o percurso de desvio de comportamento, exigindo e recebendo tudo o que deseja, sem nenhuma contraprestação. É o já tradicional financiamento da motocicleta com o benefício social da mãe, dinheiro que vai faltar para o remédio de uso contínuo. Depois o tênis de marca, assinatura de streaming de filmes e todo tipo de mordomia fora dos padrões financeiros dos pais.
Quando se tornam adultos, a sociedade começa a impor os limites que os pais não lhes deram. Formam-se cidadãos ruins para eles próprios, para seus pais e familiares e improdutivos para a sociedade. Envelhecem sendo cuidados por alguém ou continuam “mortos”, vivendo nas ruas. Ou, dependendo da classe social, matando pessoas com seus porsches.
Por Pedro Cardoso da Costa/Interlagos/SP