Em um contexto global, no qual os efeitos das mudanças climáticas se tornam cada vez mais evidentes, a escolha consciente dos candidatos nas eleições deste ano é uma responsabilidade crucial para o futuro do meio ambiente e para as próximas gerações. A urgência de ações concretas voltadas para a mitigação das catástrofes ambientais nunca foi tão premente, e as escolhas políticas desempenham um papel central na direção que será tomada pelos governos e seus representantes.
As emissões de gases de efeito estufa, o desmatamento, a degradação dos solos e a escassez de água são questões ambientais que exigem uma resposta coordenada e estruturada. Por isso, é tão essencial que os eleitores priorizem candidatos que apresentem propostas consistentes e viáveis de enfrentamento a essas problemáticas. Mais do que discursos vagos ou promessas genéricas de preservação ambiental, é preciso avaliar a viabilidade técnica dos projetos apresentados. Isso inclui considerar a utilização de energias renováveis, como a solar e a eólica, o fomento ao reflorestamento, políticas de controle do uso do solo, além de incentivos à inovação tecnológica que promovam a sustentabilidade.
Em termos técnicos, as ações efetivas para o combate às mudanças climáticas envolvem um conjunto de medidas integradas. No âmbito da produção de energia, por exemplo, é necessário que os planos de governo contemplem a transição para uma matriz energética mais limpa, com metas claras de descarbonização. Projetos de eficiência energética, que diminuem o desperdício de recursos em setores industriais e residenciais, também precisam estar no radar dos candidatos. O Brasil, com seu vasto potencial para geração de energia solar e eólica, deve aproveitar esse diferencial competitivo, mas isso depende de decisões políticas para a criação de um ambiente regulatório adequado e que garantam incentivos a investidores e empresas desse setor.
Além disso, políticas de adaptação climática são fundamentais. É inegável que alguns impactos das mudanças climáticas já são irreversíveis, como o aumento da frequência de eventos climáticos extremos — tempestades, secas prolongadas e inundações. Candidatos com propostas sólidas nessa área devem ter um plano para reduzir a vulnerabilidade das cidades e áreas rurais a esses eventos, seja por meio de investimentos em infraestrutura verde, sistemas de drenagem eficientes ou tecnologias de monitoramento e prevenção de desastres.
Outro aspecto relevante é o papel dos municípios, que concentram uma grande parte das emissões de CO2. A mobilidade urbana, por exemplo, é um fator chave na redução das emissões de carbono. Políticos que defendem soluções sustentáveis, como o desenvolvimento de sistemas de transporte coletivo eficientes e o uso de veículos elétricos, demonstram um compromisso sério com a causa ambiental. Neste aspecto, é importante que o eleitor analise a viabilidade financeira e técnica dessas propostas, além da capacidade do candidato de articulá-las em conjunto com outros setores da sociedade.
A agricultura sustentável também deve ser uma prioridade nas plataformas dos candidatos. No Brasil, a agricultura é responsável por uma parcela significativa das emissões de gases de efeito estufa, principalmente pelo uso excessivo de fertilizantes químicos e pela prática da pecuária extensiva. Políticas que incentivem a agroecologia, a agricultura de baixo carbono e a proteção de biomas como a Amazônia e o Cerrado são essenciais. Projetos que promovam a recuperação de áreas degradadas e a criação de sistemas de produção mais eficientes e menos impactantes para o meio ambiente devem ser amplamente discutidos.
Diante da crescente ameaça das mudanças climáticas, o processo eleitoral deste ano oferece uma oportunidade decisiva para que a sociedade escolha representantes municipais comprometidos com a proteção ambiental e o desenvolvimento sustentável. É crucial que todos que forem às urnas avaliem com cuidado e critério as propostas de cada candidato, buscando aqueles que, além de prometer, demonstrem capacidade técnica e compromisso político para transformar ideias em ações concretas. Afinal, o futuro do planeta depende das escolhas que fazemos hoje.
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Fernando Beltrame, mestre pela USP, engenheiro pela Unicamp e CEO da Eccaplan. Com mais de 20 anos de experiência em projetos de consultoria, sustentabilidade e estratégia Net Zero, já atuou em diferentes eventos e iniciativas como a COP18, Rio+20 e fóruns mundiais.