Revisada e ampliada, a obra organizada por Leopoldo M. Bernucci e pulicada pela SESI-SP Editora e Ateliê Editorial é a quinta edição comentada e a mais completa do clássico Os sertões de Euclides da Cunha (1866-1909), autor que foi homenageado na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) 2019, promovida entre os próximos dias 10 e 14 de julho.
Além do texto rigorosamente restaurado conforme as fontes autorizadas, o livro - de capa dura e com mais de 900 páginas - possui cerca de três mil notas, que auxiliam no esclarecimento do difícil vocabulário euclidiano.
É a primeira edição com minucioso e inédito índice onomástico de lugares e pessoas; acurada cronologia de vida e obra do autor; mais de 20 páginas de iconografia, com informações desconhecidas sobre o assunto; e prefácio elucidativo do organizador Bernucci, que aborda o problema das diferentes linguagens de Os sertões e de suas qualidades artísticas.
CAMPANHA DE CANUDOS
Os sertões datam de 1902, ano de sua primeira edição, cinco anos após o término da Campanha de Canudos (1896-1897), ocorrida no interior da Bahia, que opôs o Exército e o Governo brasileiros ao movimento de cunho social, político e religioso liderado por Antônio Conselheiro. A obra é dividida em três parte: “A terra”, “O homem” e “A luta”. Euclides da Cunha testemunhou o trágico desfecho como repórter de O Estado de S. Paulo.
TRECHO DO PREFÁCIO
“Em toda a história da literatura brasileira, nenhum escritor pôde estabelecer, até agora, uma relação tão visceral com seus leitores como Euclides da Cunha. Todos nós que lemos e relemos as instigantes e magistrais páginas de Os sertões saímos sempre de nossa leitura com um sentimento de assombro ou de perplexidade. Alguns dos seus leitores o detestam, outros sentem por ele verdadeira adoração. E ainda há um terceiro grupo, o daqueles que reagem de modo ambivalente diante desse texto multifacetado. Porque é bem verdade que, na construção dessa obra, as camadas justapostas da linguagem, os diferentes níveis de significado, o enorme sentido dado à tragédia de Canudos e as teorias científicas e sociológicas ali discutidas revelam um quadro de acertos e deslizes, mas nunca nos deixa impassíveis diante da matéria.”
SERVIÇO
SOBRE O AUTOR EUCLIDES DA CUNHA: Foi um escritor, jornalista, professor brasileiro e eleito em 1903 para a cadeira nº 7 da Academia Brasileira de Letras. Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha nasceu em Cantagalo, Rio de Janeiro, no dia 20 de janeiro de 1866. Filho de Manuel Rodrigues da Cunha Pimenta e Eudósia Alves Moreira da Cunha, a partir de 3 anos, viveu entre fazendas na Bahia e no Rio de Janeiro, com tios que o criaram depois que ficou órfão de mãe. Em 1885, ingressou na Escola Politécnica, mas por falta de recursos transfere-se para a Escola Militar da Praia Vermelha. Nessa época, escrevia para a revista da escola, A Família Acadêmica. Por afrontar o Ministro da Guerra do Império, foi expulso da Academia. Em 1889 seguiu para São Paulo e publicou no jornal O Estado de S. Paulo.
SOBRE O ORGANIZADOR LEOPOLDO M. BERNUCCI - Euclidianista reconhecido internacionalmente, Bernucci ocupa a cátedra Russel F. and Jean H. Fiddyment de Estudos Latino-americanos na University of California-Davis, EUA, onde leciona literaturas brasileira e hispano-americana. No Brasil é conhecido por A imitação dos sentidos (Edusp, 1995), Discurso, ciência e controvérsia em Euclides da Cunha (Edusp, 2008) – ambos dedicados aos estudos sobre Os sertões – e, mais recentemente, Paraíso suspeito: a voragem amazônica (Edusp, 2017), no qual Bernucci resgata as relações intertextuais entre Euclides da Cunha, Alberto Rangel e o famoso escritor colombiano José Eustasio Rivera.
Da SESI-SP Editora e Ateliê Editorial