Por que estamos indignados? Das barbáries dos poderes à esperança de civilização, justiça social e democracia digital.

09 de outubro de 2013 às 09:35

Editoria
<img align="left" width="200" hspace="3" height="297" src="/uploads/image/img_livro_porqueestamosindignados.jpg" alt="" />O jurista Luiz Fl&aacute;vio Gomes lan&ccedil;a este m&ecirc;s o livro <i><b>Por que estamos indignados</b></i>? Das barb&aacute;ries dos poderes &agrave; esperan&ccedil;a de civiliza&ccedil;&atilde;o, justi&ccedil;a social e democracia digital, pela Editora Saraiva. A obra versa sobre o pa&iacute;s onde vivemos, que &eacute; marcado pelo apartheid socioecon&ocirc;mico (divis&atilde;o, segrega&ccedil;&atilde;o, balcaniza&ccedil;&atilde;o), pela l&oacute;gica da guerra civil e pela dial&eacute;tica da malandragem (Antonio C&acirc;ndido), que &eacute; a m&atilde;e da nossa enraizada corrup&ccedil;&atilde;o.<br /> <br /> O livro tamb&eacute;m retrata as peculiaridades de um momento hist&oacute;rico para o pa&iacute;s &ndash; os protestos massivos de junho, quando o povo brasileiro saiu em massa &agrave;s ruas em busca de novos valores, nova cultura, nova democracia, nova governan&ccedil;a.<br /> <br /> <b>Por que estamos indignados</b>? (trecho retirado do livro)<br /> <br /> <i>O Brasil tem seu lado vitorioso. Existe o Brasil que deu certo. Nas tr&ecirc;s &uacute;ltimas d&eacute;cadas, por exemplo, alcan&ccedil;amos tr&ecirc;s impressionantes conquistas: (a) movimento das diretas-j&aacute;, em 1984, que sepultou a ditadura militar e restabeleceu a democracia, legando-nos a Constitui&ccedil;&atilde;o de 1988; (b) o Plano Real, iniciado em 1994, que venceu a infla&ccedil;&atilde;o e estabilizou a moeda e tamb&eacute;m os referenciais econ&ocirc;micos; (c) o programa de inclus&atilde;o social e a luta contra a mis&eacute;ria, que se transformaram em pol&iacute;tica de Estado em 2002 (essa iniciativa, de acordo com o IDHM, da ONU, contribuiu para o Brasil crescer, de 1991 a 2010, 47,5%, em m&eacute;dia, nos itens &ldquo;expectativa de vida&rdquo;, &ldquo;renda per capita&rdquo; e &ldquo;matriculados em escolas&rdquo;). Essas mudan&ccedil;as aconteceram sob a batuta de grandes lideran&ccedil;as pol&iacute;ticas do MDB, PSDB e PT, respectivamente. S&atilde;o pontos positivos para o Brasil que deu certo, para o Brasil civilizado.<br /> <br /> Paralelamente, existe tamb&eacute;m o Brasil que deu errado ou que ainda n&atilde;o deu certo: o Brasilquist&atilde;o. Alguns de seus pilares s&atilde;o: (a) apartheid (divis&atilde;o de classes totalmente discriminat&oacute;ria, fundada em desigualdades a&eacute;ticas), (b) guerra civil (viol&ecirc;ncia epid&ecirc;mica), (c) ineficientismo do Estado, (d) representa&ccedil;&atilde;o pol&iacute;tica ileg&iacute;tima e desastrada e (e) &ldquo;dial&eacute;tica da malandragem&rdquo; (Antonio Candido), que &eacute; a m&atilde;e da corrup&ccedil;&atilde;o.<br /> <br /> Diante do que relatamos, nossos pr&oacute;ximos cinco grandes desafios, sem preju&iacute;zo da manuten&ccedil;&atilde;o do que j&aacute; foi conquistado, cujos l&iacute;deres &agrave; &eacute;poca n&atilde;o sabemos quem ser&atilde;o, s&atilde;o os seguintes: (a) combater nosso apartheid socioecon&ocirc;mico por meio da educa&ccedil;&atilde;o de qualidade como pol&iacute;tica nacional priorit&aacute;ria em tempo integral, das 8 &agrave;s 18h, obrigat&oacute;ria at&eacute; aos 18 anos, criando igualdade de condi&ccedil;&otilde;es e de oportunidades para todos; (b) enfrentar a quest&atilde;o da viol&ecirc;ncia/seguran&ccedil;a p&uacute;blica, com o firme prop&oacute;sito de acabar com nossa discriminat&oacute;ria guerra civil, levada a cabo pela pol&iacute;cia militarizada; (c) cobrar maior efici&ecirc;ncia do Estado para melhorar a qualidade dos servi&ccedil;os p&uacute;blicos nas &aacute;reas de sa&uacute;de, transportes, justi&ccedil;a etc.; (d) digitalizar e revitalizar a velha democracia representativa (criando o F&oacute;rum Cidad&atilde;o, para a implanta&ccedil;&atilde;o da democracia direta digital); e (e) atacar a end&ecirc;mica corrup&ccedil;&atilde;o em suas ra&iacute;zes, difundindo o ensino da &Eacute;tica para todos os habitantes do pa&iacute;s.<br /> <br /> &ldquo;Caminante, no hay camino, se hace camino al andar&rdquo; (Antonio Machado). Enquanto houver esperan&ccedil;a de mudan&ccedil;as, nossa mobiliza&ccedil;&atilde;o nas ruas e nas redes sociais n&atilde;o pode cessar, nem agora, nem nunca, at&eacute; conseguirmos eliminar das entranhas do Brasil que deu certo as barb&aacute;ries do Brasil que deu errado. Barb&aacute;rie ou civiliza&ccedil;&atilde;o: eis a quest&atilde;o!</i>