A quais estradas o luto pode levar?

20 de março de 2014 às 10:25

Editoria
<img width="206" hspace="3" align="right" height="296" src="/uploads/image/livros_ghost-rider_a-estrada-da-cura.jpg" alt="" />Em Neil Peart, baterista da banda Rush, o luto se manifestou atrav&eacute;s das solit&aacute;rias viagens que ele fez por 90 mil quil&ocirc;metros<br /> <br /> &ldquo;<i><b>O resto da bagagem que eu levaria comigo naquela manh&atilde; tinha menos volume, mas era mais pesado &ndash; eram os fardos invis&iacute;veis que me fizeram partir em uma jornada que j&aacute; se assemelhava a uma esp&eacute;cie de ex&iacute;lio</b></i>&rdquo;.<br /> <br /> Ap&oacute;s doze anos de espera, o livro Ghost Rider &ndash; A estrada da cura finalmente chega ao Brasil no pr&oacute;ximo dia 7 de mar&ccedil;o, lan&ccedil;ado pela editora Belas-Letras. Esta narrativa em primeira pessoa conta a trajet&oacute;ria e o processo de recupera&ccedil;&atilde;o do roqueiro Neil Peart, baterista da banda canadense Rush, ap&oacute;s perder a filha e a esposa em menos de um ano. Sua filha &uacute;nica, Selena, morreu em um acidente de carro aos 19 anos de idade. A mulher somatizou a morte da garota e os seus sentimentos de perda se transformaram em c&acirc;ncer &ndash; doen&ccedil;a que chegou a um estado alarmante e irrevers&iacute;vel em poucos meses, levando-a &agrave; morte.<br /> <br /> &ldquo;<i><b>Lembro-me de ficar pensando: &lsquo;Como algu&eacute;m sobrevive a uma coisa dessas? E quando sobrevive, em que tipo de pessoa se transforma?&rsquo; Eu n&atilde;o sabia, mas ao longo daquele tempo de luto, tristeza, desola&ccedil;&atilde;o e completo desespero, alguma coisa dentro de mim parecia determinada a seguir em frente. Algo aconteceria</b></i>&rdquo;, descreve Peart, no livro, sobre o seu processo de luto.<br /> <br /> A dupla trag&eacute;dia vivenciada pelo m&uacute;sico chamou a aten&ccedil;&atilde;o do mundo inteiro, mesmo os que n&atilde;o eram admiradores da banda de rock. Sem rumo e sem saber ao certo o que procurava e para onde ir, o seu ref&uacute;gio foi a paisagem e o concreto das estradas das Am&eacute;ricas do Norte e Central, por onde rodou&nbsp; em sua moto BMW R1100GS, durante 14 meses. A viagem do Canad&aacute; ao M&eacute;xico o ajudou a encontrar um novo sentido para continuar vivendo, j&aacute; que os acontecimentos tamb&eacute;m fizeram com que a banda parasse com as apresenta&ccedil;&otilde;es.<br /> <br /> Ele descreve que apenas permanecia em movimento com medo de parar por tempo demais e se dar tempo para apenas refletir. &ldquo;<i><b>Meus pensamentos tamb&eacute;m se acalmavam com o movimento, pela esp&eacute;cie de transe proporcionada pela vibra&ccedil;&atilde;o cont&iacute;nua, pelas curvas e pelos solavancos eventuais, e pelo mundo vindo at&eacute; mim quil&ocirc;metro ap&oacute;s quil&ocirc;metro, hora ap&oacute;s hora</b></i>&rdquo;.<br /> <br /> Para o psic&oacute;logo especializado em luto Candido Flausino, a rea&ccedil;&atilde;o de fuga vivenciada por Peart, apesar de individual na maneira de lidar, &eacute; compartilhada por muitas pessoas, especialmente na atualidade. &ldquo;<b><i>Cada dia que passa as pessoas disp&otilde;em de menos condi&ccedil;&otilde;es para lidar com as quest&otilde;es do luto, at&eacute; mesmo pelo fato da morte ter sido distanciada do cotidiano como forma de evitar o sofrimento. Como consequ&ecirc;ncia, surge o comportamento de &lsquo;fuga&rsquo; como forma de camuflar os sentimentos advindos das perdas</i></b>&rdquo;, explica. <br /> <br /> Se para Peart o processo de cura levou 14 meses ou mais, existem pessoas que vivenciam as dores da perda e que agora ter&atilde;o a oportunidade de compartilhar esse sentimento com o autor atrav&eacute;s da leitura do livro. Esse relato emocionante foi positivamente criticado pela imprensa internacional. Ghost Rider &ndash; A estrada da cura &eacute; leitura para admiradores do baterista e da banda Rush, para motoqueiros e amantes de estrada, e para quem quer descobrir, assim como ele, mais sentidos para continuar vivendo mesmo depois de ter perdido algu&eacute;m.<br /> &nbsp;<br /> <b>Mais trechos:</b><br /> <br /> &ldquo;<i><b>Eu certamente n&atilde;o estava mais interessado em tocar bateria ou escrever letras para can&ccedil;&otilde;es de rock. Antes daquela noite em que o mundo desabou ao meu redor, eu estava trabalhando num livro sobre as minhas aventuras sobre duas rodas com meu amigo Brutus durante a rec&eacute;m-encerrada turn&ecirc; Test for Echo, e eu n&atilde;o conseguia me imaginar retomando aquele projeto</b></i>&rdquo;.<br /> <br /> &ldquo;<b><i>Um pouco antes naquele ver&atilde;o, ao contemplar as ru&iacute;nas da minha vida, eu tinha decidido que minha miss&atilde;o agora seria proteger certa ess&ecirc;ncia que havia dentro de mim, uma for&ccedil;a vital que brotava, um esp&iacute;rito fr&aacute;gil, como se eu envolvesse com as m&atilde;os uma vela bruxuleante. Nas cartas, passei a denominar essa chama remanescente de &ldquo;</i></b>minha alma de beb&ecirc;<b><i>&rdquo;; decidi que, a partir daquele instante, a minha tarefa seria cuidar daquele esp&iacute;rito da melhor forma que eu pudesse</i></b>&rdquo;.<br /> <br /> <b>Ficha T&eacute;cnica:</b><br /> <br /> Tradu&ccedil;&atilde;o: <b>Candice Soldatelli</b><br /> ISBN: 9788581741536<br /> Formato: <b>16x23cm</b><br /> P&aacute;ginas: <b>514</b><br /> Pre&ccedil;o de capa: <b>R$ 39,90.</b><br /> <br /> Por Barbara Ataide<br /> Da Lilian Comunica/Assessoria de Imprensa <br />