Micose de praia: tratamento deve durar um mês, mas poucos seguem orientação; veja como se prevenir

11 de janeiro de 2022 às 20:16

saúde

O verão brasileiro é um dos momentos em que as praias ficam mais cheias durante todo o ano. Com isso, há um aumento na incidência de micoses e outras infecções provocadas por fungos e parasitas.

As micoses mais comuns são aquelas provocadas pela proliferação dos fungos em locais que acumulam mais umidade, como a virilha, entre os dedos dos pés e no tórax. Caio Lamunier, dermatologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, explica que a combinação dessa umidade com os resíduos de protetor solar na pele, por exemplo, aumenta os riscos de surgir o problema. 

Foto: Internet/Google/Divulgação

Pomada para combater a micose, comum no verão, não deve ser abandonada com a melhora dos sintomas, alerta especialista 

Outros fatores que influenciam o desenvolvimento dessas doenças no verão são o uso de menos roupas, andar descalço e o maior contato físico entre as pessoas”, explica o especialista, que atua também no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP). 

Até mesmo a maior exposição ao sol pode ser um fator, já que reduz a imunidade da pele e facilita esse tipo de problema, segundo Lamunier. 

 

Cuidado na areia

Foto: Internet/Google/Divulgação

No caso das doenças provocadas por parasitas, o principal fator de risco é justamente andar descalço em áreas contaminadas por esses organismos. É o caso do bicho-de-pé, doença provocada pela pulga Tunga penetrans, que entra na pele e pode viver ali por semanas enquanto bota seus ovos; e do bicho geográfico, que surge após o contato da pele com larvas de parasitas do gênero Ancylostoma.

 

Atenção aos sintomas

As micoses de pele comuns costumam provocar lesões avermelhadas, coceira e eventualmente, descamações. A micose conhecida como “pano branco”, ou pitiríase versicolor, causada pelo fungo Malassezia furfur, costuma gerar lesões brancas ou castanhas no tronco (pescoço, tórax e abdome). Já a famosa frieira se apresenta com lesões descamativas e coceira entre os dedos dos pés.

No caso do bicho-de-pé, a lesão costuma ser redonda com um ponto preto ao centro — o que indica a presença do inseto. Já o bicho geográfico é conhecido por marcas esbranquiçadas feitas pela movimentação das larvas embaixo da pele, gerando desenhos que lembram um mapa, que dá o nome da doença. 

 

Tratamentos

A maioria das micoses pode ser tratada com pomadas antifúngicas adquiridas nas farmácias, segundo o dermatologista. É importante, porém, ficar atento à duração do tratamento. 

O mais comum é que a pessoa use por poucos dias, veja uma melhora nas lesões e suspenda a aplicação. Isso, no entanto, não elimina o fungo por completo, e aumenta a chance de reincidência”, explica Lamunier. O recomendado é que o indivíduo continue usando a pomada por cerca de um mês, para garantir que o fungo seja totalmente controlado.

No caso de piora ou persistência do problema, um médico dermatologista deve ser consultado. Vale o mesmo para as micoses de unha, que devem ser acompanhadas por um profissional.

Na suspeita de bicho-de-pé ou bicho geográfico, a recomendação da Sociedade Brasileira de Dermatologia é que um médico especialista ou de pronto atendimento seja procurado para avaliar as lesões e, se necessário, fazer a remoção dos parasitas por meio cirúrgico. Eventualmente, pode-se também receitar remédios de via oral. 

 

Como se prevenir? 

Para prevenir o surgimento dessas condições, o especialista sugere alguns cuidados que vão evitar que se crie um ambiente propício à proliferação dos fungos, como: 

        • Tomar banho após sair da praia, e remover as sobras de filtro solar;

        • Manter a pele sempre bem seca;

        • Evitar usar roupas úmidas por longos períodos;

        • Usar roupas confortáveis, que deixem a pele respirar;

        • Evitar o acúmulo de suor e umidade excessiva em regiões como a axila, costas e virilha. 

Contra as doenças provocadas pelos parasitas, o principal ponto de atenção é não andar descalço em solos que possam estar infectados, como areia por onde passaram animais domésticos (que podem contaminar o local por meio das fezes) e locais sujos ou com saneamento básico precário. 

Idosos e crianças devem estar especialmente atentos, já que o envelhecimento da pele torna o tecido mais sensível e suscetível às infecções, enquanto as crianças podem levar as mãos sujas e contaminadas à boca, causando outros problemas de saúde.

 

Por Danielle Sanches, da Agência Einstein