Viagra poderia prevenir ou tratar o Alzheimer, sugere estudo

21 de janeiro de 2022 às 19:58

saúde

Usado para o tratamento da disfunção erétil, o medicamento sildenafil (mais conhecido pelo nome comercial Viagra) pode ser um aliado contra o Alzheimer, de acordo com estudo publicado na revista científica Nature Aging

Foto: Agência Einstein

Análise mostrou que indivíduos que fizeram uso do remédio tiveram um risco 69% menor de desenvolverem a condição

Para chegar a essa conclusão, pesquisadores de diferentes universidades norte-americanas primeiro identificaram, via metodologia computacional, quais substâncias aprovadas pela agência regulatória dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês) poderiam ser usadas como tratamento para o Alzheimer. Nessa lista, incluíram medicamentos que agem contra a formação de placas das proteínas beta-amiloide e tau no cérebro — possíveis causas do desenvolvimento da doença – e o Viagra se destacou como um potencial modificador de risco da condição. 

Os pesquisadores, então, analisaram os dados de saúde de mais de 7,2 milhões de indivíduos, que foram acompanhados por seis anos. Nos resultados, foi observado que as pessoas que fizeram uso do medicamento apresentaram um risco 69% menor de desenvolvimento do Alzheimer.

Mesmo ao comparar com as outras medicações avaliadas, o Viagra teve destaque, segundo os autores: o risco de Alzheimer foi 55% menor em comparação com os indivíduos que faziam uso do losartan (remédio usado contra a hipertensão arterial) e 63% menor àqueles que tomavam a metformina (medicamento usado no diabetes). Ambos os remédios são estudados, atualmente, contra a doença neurodegenerativa.

Com as outras duas substâncias analisadas, diltiazem (também usado contra a hipertensão) e glimepirida (contra diabetes), o sildenafil manteve os benefícios: risco 65% menor quando comparado ao primeiro e 64% menor, ao segundo. 

Em uma terceira etapa do estudo, os pesquisadores desenvolveram culturas de neurônios (células cerebrais) a partir de células-tronco derivadas de pacientes com demência. A exposição das células ao sildenafil levou ao aumento no crescimento dos neuritos (filamento de células neurais em formato de ponta), que são responsáveis por conectar os neurônios uns aos outros.

 

Relação ainda não está comprovada 

De acordo com Fernando Facio, urologista e chefe do Departamento de Sexualidade da Sociedade Brasileira de Urologia, mesmo com a descoberta ainda são necessários mais estudos para comprovar a relação entre o medicamento e a prevenção da doença neurodegenerativa. 

Até o momento parece que o sildenafil exerceu um fator neuroprotetor em pacientes que fizeram uso regular do medicamento”, destaca. “Mas os pesquisadores enfatizam que esse trabalho não permite inferências de causalidade entre o uso de sildenafil e a prevenção ou reversão da doença de Alzheimer. Para isso, seriam necessários novos ensaios clínicos com outra metodologia”, conclui.  

 

Por Priscila Carvalho, da Agência Einstein