Delegado aposentado da PF, “pai” da Lava Jato, diz que país não ficou menos corrupto depois da operação (vídeo)

30 de setembro de 2022 às 17:49

notícias/brasil 247
Em entrevista, Gerson Machado disse que foi ignorado quando alertou o ex-juiz Sergio Moro e o ex-procurador Deltan Dallagnol sobre mentiras na delação premiada de Alberto Youssef
 
O delegado aposentado da Polícia Federal Gerson Machado, que atuou nas primeiras investigações que deram origem à Lava Jato, disse que a operação é questionável e que, diferentemente do que ele acreditava, o Brasil não ficou menos corrupto depois do esforço Ministério Público Federal e da PF. As informações são do jornalista Jamil Chade, do Uol.
 

Gerson Machado, ex-delegado da PF (Foto: Reprodução/Youtube)
 
Considerado o “pai” da Lava Jato, Machado disse em entrevista a Chade, que houve ausência de investigações sobre os bancos brasileiros e e mentiras sobre a delação preimiada do doleiro Alberto Youssef que foram ignoradas e, por isso, pede que a Lava Jato seja investigada.
 
Um dos elementos questionados por Machado foi a delação inicial do doleiro Alberto Youssef, ainda de 2004. De acordo com o delegado aposentado, ele "comprovou" em dezembro de 2005 que o doleiro estava mentindo. Segundo Machado, a informação foi levada ao então juiz Sérgio Moro que, por sua vez, apenas indicou que o dado teria de ser apurado. O delegado se queixava, porém, da falta de uma equipe para isso.
 
Ainda de acordo com a reportagem, Machado levou o assunto a Deltan Dallagnol, que indicou que Machado precisaria de provas. "Eu sou a testemunha, tenho fé pública", disse, indignado. Mas o embate permaneceu, enquanto o doleiro passou a acusar o delegado de estar "mentindo e perseguindo".
 
Em nota, o ex-juiz parcial Sérgio Moro não deu explicações diretas sobre os relatos do delegado aposentado, alegando que o servidor “não tinha condições psicológicas para exercer o cargo”.
 
"Apesar dos serviços prestados à PF, Gerson Machado foi aposentado compulsoriamente, após ser avaliado por uma junta médica, em que foi comprovado que não tinha condições psicológicas para exercer o cargo", disse a assessoria de imprensa do ex-juiz e ex-ministro. "É importante que a reportagem cheque a idoneidade das suas fontes", afirma Moro.
 
As alegações de Machado foram encaminhadas, de acordo com a reportagem, ao então chefe da operação, o ex-promotor Deltan Dallagnol, que afirmou por meio de sua assessoria que não iria se pronunciar.
 
Assista à entrevista: