DASH: entenda como é a dieta que pode ajudar no controle da asma

25 de setembro de 2024 às 17:15

saúde/agência einstein
A dieta DASH — cuja sigla vem de Dietary Approaches to Stop Hypertension ou Dieta para Combater a Hipertensão, em português — refere-se ao plano alimentar criado por cientistas dos Estados Unidos, há mais duas décadas, para ajudar no controle da pressão arterial. Ao longo dos anos, entretanto, a DASH tem aparecido em estudos pelos mais diversos benefícios, que vão além da proteção cardiovascular.
 

© Shutterstock/Reprodução/Agência Einstein
 
Cardápio que mistura grãos integrais, frutas, hortaliças, castanhas e sementes é apontado em estudo com crianças e jovens como aliado
contra a doença respiratória
 
Um trabalho publicado em junho no periódico BMC Nutrition mostra que essa dieta, junto do uso de medicação correta e demais estratégias terapêuticas, pode contribuir para atenuar a asma. Essa conclusão veio de uma pesquisa, realizada pela Universidade de Ciências Médicas Shahid Sadoughi, no Irã, com mais de 7.600 crianças e adolescentes. Por meio de questionários e análises médicas, verificou-se um elo entre o modelo alimentar da DASH e uma melhora dos sintomas.
 
A doença respiratória, marcada pela inflamação dos brônquios – estruturas que levam o ar aos pulmões –, desencadeia chiado, tosse, falta de ar, fadiga e prejudica a qualidade de vida. “O estudo aponta o potencial papel protetor da DASH na asma, mas são necessárias mais pesquisas para propor recomendações”, comenta a nutricionista Giuliana Modenezi, do Espaço Einstein Esporte e Reabilitação, do Hospital Israelita Albert Einstein. Ela reforça que, apesar de se tratar de um grande número de participantes, esse tipo de estudo não estabelece uma relação de causa e efeito.
 
Os pesquisadores atribuem os resultados ao mix de nutrientes e outras substâncias benéficas vindos do cardápio. “Frutas, verduras e legumes contêm sais minerais e vitaminas A, C e do complexo B, entre outros nutrientes de ação antioxidante e que ajudam a atenuar inflamações”, diz a nutricionista do Einstein.
 
Esses alimentos também fornecem fibras, assim como outros integrantes do cardápio da DASH, isto é, grãos integrais, sementes e castanhas. “As fibras passam por um processo de fermentação no intestino, favorecendo a produção de ácidos graxos de cadeia curta, que são anti-inflamatórios”, explica Modenezi.
 
Todos esses feitos tornam a dieta uma das mais estudadas — há evidências de seu papel na redução das taxas de colesterol e no combate à obesidade. Mas ela não é indicada para todo mundo. “Indivíduos com insuficiência renal costumam ter algumas restrições nutricionais”, diz a nutricionista. No desenho original da dieta, minerais como o potássio, o cálcio e o magnésio têm muito destaque, já que atuam na redução da pressão arterial.
 
Protagonistas da DASH
 
Confira a seguir o que não deve faltar no padrão alimentar dessa dieta. Mas lembre-se: o ideal é procurar um nutricionista para adequar as quantidades de maneira individualizada.
 
Frutas
 
Uma dica é apostar na sazonalidade. Frutas da estação são mais saborosas e há indícios de que concentram mais nutrientes. E que tal valorizar exemplares nativos? Jabuticaba, goiaba, caju e pitanga são exemplos de frutas brasileiras. “Ao menos três porções por dia”, recomenda a especialista. Elas podem entrar, inclusive, como opções de sobremesas.
 
Hortaliças
 
Folhas verdes como o espinafre, a rúcula, a couve, além de brócolis, acelga e outros vegetais, caso de cenoura, beterraba, berinjela e abobrinha, são exemplos. Aqui também vale atentar para a tabela da safra.
 
Grãos e cereais
 
Cereais como trigo, aveia, arroz e seus derivados, ou seja, pães, massas e afins, são recomendados, sempre com equilíbrio. A sugestão é priorizar as versões integrais.
 
Oleaginosas, sementes e leguminosas
 
Nozes, amêndoas, avelãs, além do nosso amendoim e das castanhas de caju e do Pará, são representantes das oleaginosas. Já os feijões, a ervilha, a lentilha e o grão-de-bico são do grupo das leguminosas. E ainda há espaço para sementes de chia, linhaça, girassol, entre outras.
 
Lácteos
 
Queijos, iogurtes e leites, preferencialmente desnatados, também ganham destaque na DASH.
 
Carnes
 
Peixes e aves são os tipos recomendados, a carne vermelha deve ser consumida sem exageros, priorizando os cortes menos gordos.
 
Atenção com o sódio
 
Embora o estudo sobre a asma não tenha enfatizado esse ponto, na DASH se recomenda atenção com o sódio, já que ele favorece o aumento da pressão arterial.
 
Além de evitar ultraprocessados, sobretudo os salgadinhos, certos congelados e fast-food, vale redobrar o cuidado ao salgar as receitas e não deixar o saleiro à mesa nas refeições.
 
Uma dica deliciosa é o chamado sal de ervas. “Ele junta ervas como alecrim, manjericão, orégano, salsinha, batidas no liquidificador, com um pouco de sal”, ensina a nutricionista.
 
Por Regina Célia Pereira, da Agência Einstein