Os tratamentos estéticos liberados (ou não) na gravidez e na amamentação

15 de novembro de 2024 às 18:45

saúde/agência einstein
Ver um teste positivo de gravidez gera muitos questionamentos, medos e inseguranças. Com tantas transformações no corpo — que, muitas vezes, abalam a autoestima —, é comum surgirem também dúvidas sobre quais tipos de procedimentos de beleza a gestante pode fazer sem riscos. Essas questões se mantêm após o parto, já que na amamentação também há algumas restrições em relação a tratamentos estéticos.
 

© Shutterstock/Reprodução/Agência Einstein
 
Dermatologistas detalham quais procedimentos
são seguros nessas fases e quais podem colocar em risco a saúde da mãe e do bebê
 
Um ponto importante a ser considerado é que a segurança dos tratamentos não é amplamente estudada em gestantes e lactantes”, avisa a dermatologista Barbara Miguel, do Hospital Israelita Albert Einstein. “Por isso, é necessário manter uma abordagem conservadora, preferindo aqueles que são amplamente utilizados há anos, sem complicações conhecidas.
 
Na gestação, os riscos valem tanto para a mãe quanto para o bebê, que ainda está em formação. “Alguns produtos químicos e procedimentos podem atravessar a barreira placentária, afetando o feto em desenvolvimento, podendo levar a consequências graves, como malformações e complicações na gestação”, explica a médica dermatologista.
 
Uma particularidade desse período é a mudança hormonal no corpo da gestante, em especial o aumento da progesterona. “Isso deixa sua pele muito mais sensível a ácidos, limpezas, lasers e outros tipos de tecnologias”, diz o dermatologista Abdo Salomão Jr., da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Daí porque há uma maior probabilidade de sofrer com manchas e queimaduras. O filtro solar, por sua vez, deve ser usado conforme orientação médica.
 
Outra alteração dermatológica provocada pela progesterona é o escurecimento dos mamilos, da linha nigra (marca vertical que aparece na barriga de algumas mulheres) e da região genital. “Essa é uma alteração fisiológica que não deve ser tratada, pois depois do parto, quando acontece a baixa dos níveis hormonais, ela regride naturalmente”, explica Salomão.
 
No caso das lactantes, o risco é menor. Mesmo assim, é preciso ter cuidado, pois não existem estudos consistentes e robustos que tenham avaliado o efeito das substâncias na mãe e no filho nesse período. Por isso, geralmente o ideal é esperar o desmame.
 
Para garantir a segurança da mulher e do bebê, é fundamental consultar um dermatologista, o obstetra e o pediatra antes de iniciar qualquer procedimento estético.
 
Optar por procedimentos simples e seguros nesse período é uma forma eficaz de evitar complicações desnecessárias”, afirma a médica do Einstein.
 
O que pode e o que não pode
 
A seguir, confira os procedimentos e substâncias permitidos e os não permitidos na gravidez e na amamentação:
 
GESTAÇÃO
 
Tratamentos permitidos
 
      · Skincare com produtos liberados para a gestação;
 
      · Limpeza de pele suave;
 
      · Drenagem linfática manual para reduzir o inchaço, realizada por profissionais especializados e com autorização médica.
 
Substâncias que não devem ser usadas
 
      · Beta hidroxiácidos (caso do ácido salicílico);
 
      · Retinoides (ácido retinóico, retinaldeído, adapaleno, tretinoína, isotretinoína);
 
      · Formol;
 
      · Ureia em concentrações acima de 3%;
 
      · Hidroquinona;
 
      · Parabenos;
 
      · Chumbo.
 
Verifique sempre a presença desses ingredientes em cosméticos e procedimentos estéticos desejados.
 
Tratamentos que não devem ser realizados
 
      · Alisamento capilar;
 
      · Tintura de cabelo (semipermanentes e permanentes), especialmente no primeiro trimestre. Caso seja necessário, deve-se aguardar o ultrassom morfológico e optar por tinturas sem metais pesados, chumbo e amônia, e evitar contato direto com o couro cabeludo;
 
      · Lasers fracionados, ablativos e não ablativos;
 
      · Peelings químicos com ácidos retinoico e salicílico;
 
      · Procedimentos injetáveis, como preenchimentos, toxina botulínica e bioestimuladores;
 
      · Laser facial;
 
      · Depilação definitiva;
 
      · Luz intensa pulsada;
 
      · Ultrassom microfocado.
 
AMAMENTAÇÃO
 
Procedimentos permitidos
 
      · Limpeza de pele;
 
      · Laser (com atenção ao risco de hiperpigmentação);
 
      · Microagulhamento.
 
Tratamentos que merecem avaliação caso a caso
 
      · Toxina botulínica. Não existem estudos conclusivos sobre a passagem da substância para o leite materno, tampouco sobre os possíveis riscos para o bebê. “O que sabemos vem de um documento da Sociedade Brasileira de Pediatria que menciona a ausência de pesquisas suficientes para avaliar a segurança do uso dela durante a amamentação”, diz a dermatologista Barbara Miguel. Por isso, o ideal é aguardar o desmame para realizar a aplicação;
 
      · Preenchimento. O uso de preenchedores durante a amamentação também deve ser avaliado com cautela. Embora o risco de complicações seja baixo, é fundamental discutir as opções com a paciente, considerando que problemas como infecções ou reações alérgicas, embora raras, podem ocorrer;
 
      · Peelings. O cuidado com os produtos utilizados durante os peelings é essencial, já que alguns componentes podem entrar em contato com o bebê, principalmente se a remoção completa do produto não for realizada de forma adequada.
 
Tratamentos proibidos
 
      · Alisamento capilar
 
Por Thais Szegö, da Agência Einstein