A luta política e o jogo sujo das redes sociais

17 de novembro de 2024 às 13:19

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É inegável que qualquer debate político na atualidade passa pelo crivo das redes sociais, são esses mecanismos que direcionam as preferências, elege vilões e tem um peso enorme para decidir eleições em todo o mundo. Os documentários Dilema das Redes, Privacidade Hackeada e Democracia em Vertigem nos mostra muito bem o poder que as redes exercem na sociedade.
 

Reprodução/observatoriodaimprensa.com.br/
 
Nesse sentido, existe um campo político que domina esse universo e, sobretudo, o uso de fakes News para falsear a realidade. A extrema direita profissionalizou-se em produzir mentiras nas redes sociais e faz isso com maestria que alguns “ingênuos’ acabam achando que é verdade. 
 
Num passado não muito distante, a luta política era feita nas ruas, nas mobilizações dos movimentos sociais, na disputa de ideias em diversos veículos de imprensa tanto de esquerda, quanto de direita. Existia mentiras, exageros, mas não na proporção como temos hoje, pois o motor da política em tempos de redes sociais é, preferencialmente, a mentira, a difamação, a acusação sem provas.
 
Essa realidade compromete, sobremaneira, qualquer sociedade, pincipalmente as sociedades que optam pela democracia. A mentira como método para atacar adversários políticos além de fragilizar as democracias em crise que tentam se manter firmes, produz o apagamento da realidade, da memória e o custo histórico desse processo é terrível. 
 
São sintomas do avanço dessas mentiras, os movimentos Terra Plana, Contra Vacinas e aqueles que “acreditam” que o Brasil caminha para o Comunismo sendo o nosso país de economia neoliberal, desde o governo Collor/Itamar 1990-95 até os governos atuais. 
 
Manter pessoas na jaula de ignorância faz parte da tônica desses grupos políticos que aprisionam mentes até a realização de atos extremos e criminosos como os de 8 de janeiro (invasão do Congresso Nacional e do Supremo Federal) e o atentado promovido por um homem-bomba na Praça dos Três Poderes, em Brasília, no dia 13 de novembro. 
 
Os mentores e articuladores dessas ações, os líderes políticos, religiosos, os influenciadores e donos de algumas redes socais continuam soltos, impunes, pois nenhuma legislação ainda consegue alcançar essa gente. Os coitados de “mente fraca” que acreditam que até cantando o Hino Nacional para um pneu reverteriam o resultado das eleições de 2022, continuam sendo manipulados e usados ao bel-prazer pelos criminosos que editam uma realidade paralela e se elegem presidentes, governadores, deputados, prefeitos, senadores mantendo o seu rebanho sempre anestesiado por fakes News.

E como canta o gênio Tom Zé: “veja que beleza, a burrice está na mesa”.  Quando o jogo sujo das redes sociais será parado? 
 
Por Ivandilson Miranda Silva, doutor em Educação e Contemporaneidade pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Professor.