Braga Netto entregou dinheiro em caixa de vinho no plano para matar Lula e outras autoridades

14 de dezembro de 2024 às 18:10

notícias/brasil 247
A prisão preventiva do general Walter Braga Netto, ocorrida neste sábado (14), está fundamentada em um relatório da Polícia Federal (PF) que aponta sua atuação direta no plano golpista para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Segundo informações divulgadas pelo jornal Estado de S. Paulo, o ex-vice de Jair Bolsonaro teria entregue recursos em uma caixa de vinho para financiar o plano, que incluía ações criminosas e até assassinatos.
 

Reprodução/portaldacapital.com/
 
PF detalha participação do general em reunião golpista, coação de militares e financiamento de ações contra a democracia
 
De acordo com o relatório da PF, Braga Netto desempenhou um papel central na articulação golpista. O ministro Alexandre de Moraes destacou que há "fortes indícios" de que ele teve uma participação “mais efetiva e de elevada importância do que se sabia anteriormente”. A prisão ocorreu no Rio de Janeiro e foi autorizada com base em evidências de sua ligação com os crimes.
 
Financiamento em caixa de vinho
 
Um dos pontos mais graves das acusações é o relato de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que afirmou em delação premiada que Braga Netto entregou dinheiro para a logística do golpe em uma caixa de vinho. O valor teria sido repassado ao major Rafael Martins de Oliveira, preso na Operação Contragolpe, para financiar as despesas da operação golpista, que pretendia assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes.
 
A PF afirma que Braga Netto teria fornecido recursos financeiros de forma direta e pessoal, ratificando sua atuação preponderante na execução dos atos criminosos”, detalha o relatório. Segundo Cid, os recursos vieram de apoiadores do agronegócio, embora a PF ainda investigue os responsáveis pela doação.
 
Reuniões e planejamento do golpe
 
Outra acusação importante é que Braga Netto teria organizado uma reunião em sua casa no dia 12 de novembro de 2022, onde foram planejadas ações contra a posse de Lula. Dias antes, no Palácio da Alvorada, o general Mário Fernandes teria elaborado o planejamento operacional chamado “punhal verde e amarelo”, que previa ações violentas para impedir a posse.
 
Após a reunião, Mauro Cid discutiu detalhes logísticos com o major Rafael Martins, estimando a necessidade de R$ 100 mil para custear o plano. A PF aponta que Braga Netto estava diretamente envolvido na articulação dessas ações e na tentativa de formar uma base de apoio no Rio de Janeiro.
 
Coação a militares e articulações golpistas
 
Braga Netto também é acusado de coagir militares para aderirem ao golpe. Entre os alvos estavam o general Marco Antônio Freire Gomes, então comandante do Exército, e Carlos de Almeida Baptista Júnior, ex-comandante da Aeronáutica. Ambos recusaram participar da empreitada. Apenas o então comandante da Marinha, Almir Garnier Santos, teria apoiado os planos.
 
Em conversas com Ailton Gonçalves Moraes Barros, ex-major do Exército, Braga Netto atacou Freire Gomes, a quem chamou de “cagão”, e sugeriu “oferecer a cabeça” do comandante aos golpistas.
 
Documentos e tentativa de interferência
 
Além das ações diretas, Braga Netto é acusado de tentar interferir nas investigações. A PF encontrou em sua mesa documentos relacionados à delação de Mauro Cid, com perguntas e respostas que teriam sido obtidas de forma ilegal. A polícia também localizou um manuscrito que mencionava um plano para impedir que Lula subisse a rampa do Palácio do Planalto, com anotações que incluíam “anulação das eleições” e “substituição de todo o TSE”.
 
A prisão do general marca mais um capítulo na apuração sobre os atos antidemocráticos que ameaçaram o processo eleitoral de 2022 e a estabilidade institucional do país.
 
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