Pesquisa identifica fatores associados a um AVC mais grave

21 de janeiro de 2025 às 17:25

saúde/agência einstein
Uma pesquisa publicada em dezembro no periódico Neurology aponta que ter hipertensão ou fibrilação atrial – um tipo de arritmia cardíaca – ou fumar aumenta o risco de um acidente vascular cerebral (AVC) mais grave. Os resultados ressaltam a importância de controlar esses fatores, considerados modificáveis, para reduzir o risco de desenvolver sequelas severas.
 

© Shutterstock/Reprodução/Agência Einstein
 
Estudo mostra que hipertensão, tabagismo e fibrilação atrial foram relacionados a piores desfechos; confira os principais sinais e quando procurar ajuda médica
 
Os autores usaram dados do INTERSTROKE, um estudo internacional que avalia pacientes recrutados em 32 países entre 2007 e 2015, e compararam diversos casos de AVC com quem não sofreu um evento desse tipo. O objetivo era estabelecer uma associação entre os fatores de risco e analisar como eles contribuem para os desfechos.
 
São considerados quadros severos aqueles que deixam sequelas graves, como depender de assistência constante, ou mesmo morte. Já nos casos moderados, a pessoa consegue preservar a capacidade de caminhar sem ajuda, por exemplo.
 
Após o ajuste de vários fatores, os autores constataram que pessoas com pressão alta têm um risco 3,2 vezes maior de sofrer um AVC severo e quase o triplo de apresentar um derrame em qualquer intensidade, em comparação àquelas com pressão normal.
 
A fibrilação atrial aumenta em 4,7 vezes o risco de um acidente vascular cerebral grave e em 3,6 o de um quadro leve em relação a quem não tem esse problema cardíaco. Já o tabagismo praticamente duplica a probabilidade de um AVC, segundo a pesquisa.
 
Para especialistas, o resultado não surpreende considerando o impacto vascular das condições avaliadas. “Esses fatores têm efeitos diretos e mais imediatos sobre a dinâmica vascular e a coagulação”, explica a neurologista Gisele Sampaio Silva, do Hospital Israelita Albert Einstein.
 
A hipertensão pode causar hemorragias cerebrais devido à ruptura de vasos, enquanto a fibrilação atrial frequentemente resulta em embolias (formação de trombos) grandes e mais graves. O cigarro, por sua vez, acelera o enrijecimento arterial e reduz a elasticidade vascular.
 
Os pesquisadores também avaliaram a relação de condições como diabetes, colesterol alto, consumo de álcool, qualidade da dieta, sedentarismo e circunferência abdominal. Ainda que sejam fatores de risco para AVC, não foi encontrada uma associação tão forte
 
com a gravidade do evento. “Embora colesterol alto e diabetes sejam fatores importantes, seus impactos geralmente são mais progressivos e crônicos, não resultando necessariamente em eventos agudos tão graves”, explica Silva.
 
A gravidade de um AVC depende de múltiplos fatores, incluindo a localização e extensão do dano — quando afeta áreas críticas, como o tronco cerebral, causa déficits mais graves. Entre os tipos de AVC, os hemorrágicos tendem a ser mais graves do que os isquêmicos.
 
Já o estilo de vida e a presença de comorbidades, sedentarismo e doenças crônicas podem piorar o prognóstico. “Apesar disso, o resultado de um AVC pode ser imprevisível, pois depende também da resposta individual ao evento e da rapidez no acesso ao tratamento”, observa a neurologista.
 
Há ainda casos de AVC que podem não estar relacionados a fatores de risco tradicionais ou modificáveis, como aqueles em que há certas malformações ou doenças autoimunes como vasculites. Esses casos reforçam a necessidade de diagnóstico preciso e estratégias personalizadas para prevenção e manejo.
 
Saiba quais são os sinais de um AVC
 
Sempre vale ficar atento aos seguintes sinais e procurar atendimento de emergência o quanto antes. Os tratamentos são mais eficazes quanto mais cedo forem administrados.
 
        - Dormência ou fraqueza súbita no rosto, braço ou pernas, especialmente de um lado do corpo;
 
        - Dificuldade para falar ou entender;
 
        - Problemas para enxergar em um ou ambos os olhos;
 
        - Dificuldade para andar, tontura ou perda de equilíbrio;
 
        - Dor de cabeça grave sem causa conhecida
 
Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein