Áudios inéditos revelam ligação de oficiais das Forças Armadas com o 8 de Janeiro

24 de fevereiro de 2025 às 11:29

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O programa Fantástico, da TV Globo, mostrou na noite de ontem, domingo (23), áudios inéditos que revelam detalhes para um golpe de Estado no Brasil. As gravações foram extraídas de celulares e computadores apreendidos pela Polícia Federal. Nos arquivos, conversas entre militares e civis envolvidos no plano de romper a ordem democrática.
 

Atos golpistas do dia 8 de janeiro de 2023, na Praça dos Três
Poderes, em Brasília
- Joedson Alves/Agência Brasil

As gravações mostradas pelo
Fantástico foram extraídas de celulares e
computadores apreendidos pela PF
 
Os áudios mostrados na reportagem de Paulo Renato Soares e Mahomed Saigg também não deixam dúvidas quanto ao vínculo da cúpula do ex-presidente Jair Bolsonaro com os acampamentos na frente dos quartéis em vários pontos do país e a invasão e depredação do 8 de janeiro de 2023 em Brasília.
 
Ao todo, a PGR denunciou ao STF 34 pessoas pela tentativa de golpe de Estado, incluindo Bolsonaro e 24 militares.
 
Oficiais do alto escalão das Forças Armadas mantinham contato direto com manifestantes contrários ao resultado das eleições e buscavam apoio para pressionar o governo.
 
Em um dos áudios, o tenente-coronel Guilherme Marques de Almeida, então lotado no Comando de Operações Terrestres (COTER) do Exército, sugere que os militares teriam que “sair das quatro linhas” da Constituição para retomar o controle da situação.
 
O mesmo oficial diz em uma gravação: “Eu acho que o pessoal poderia fazer essa descida aí, né? E ir atravancando mesmo. Porque, pô, a massa humana chegando lá não tem PM que segure. Porra, vai atropelar a grade e vai invadir. Depois não tira mais, né?
 


 

Em outro trecho, o tenente-coronel Guilherme Marques de Almeida fala: “Se tu tiver alguma possibilidade de influenciar alguém dos movimentos, eu tô tentando plantar isso nas redes onde eles estão. Tô participando de vários grupos civis”.
 
Ele revela em outra conversa a utilidade dos manifestantes para o plano golpista: “Não adianta protestar na frente do QG do Exército. Tem que ir para o Congresso. E as Forças Armadas vão agir por iniciativa de algum Poder. Porque, assim, todo mundo quer as Forças Armadas por quê? Quer um mecanismo de pressão chamado arma, né? Para apaziguar, a gente resolve destituir, invalidar a eleição. Colocar voto impresso, e fazer uma nova eleição. Com ou sem Bolsonaro”.


Tenente-coronel Guilherme Marques de Almeida
Em fevereiro de 2024, o Exército exonerou o tenente-coronel de cargo de comando. Alvo de operação da PF três meses depois, Almeida desmaiou ao ser abordado pelos agentes.
 
Outro que aparece nos áudios é o general de briagada Mário Fernandes, que seria um dos idealizadores do plano “Punhal Verde Amarelo”, que tinha como objetivo matar o presidente Lula, o vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.
 
Diz Mário Fernandes ao tenente-coronel Mauro Cid: “Parece que existe um mandado de busca e apreensão do TSE [Tribunal Superior Eleitoral] ou do Supremo, em relação aos caminhões que estão lá. Já houve prisão realizada ali, pela Polícia Federal. Se o presidente pudesse dar um input ali para o Ministério da Justiça, para segurar a PF…





 
Segundo a PF, a estratégia do grupo era manter indefinidamente os protestos nas ruas e fomentar a contestação das urnas eletrônicas, tentando criar um ambiente favorável à intervenção militar. Quando não tinham autoridade para atender às demandas dos manifestantes, os militares recorriam a aliados dentro do governo para que as reivindicações chegassem ao então presidente Jair Bolsonaro.
 
A Polícia Federal apreendeu cerca de 1,2 mil equipamentos eletrônicos e conseguiu extrair um total de 255 milhões de mensagens, incluindo áudios e vídeos.
 
A perícia já elaborou 1.214 laudos que, segundo os investigadores, comprovam a articulação golpista e demonstram que integrantes do governo Bolsonaro tentaram influenciar os comandantes militares para aderirem ao movimento.
 
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