Na noite de ontem, quinta-feira (27), Claudia Leitte foi vaiada por foliões durante a abertura do carnaval de Salvador, no circuito Campo Grande. O episódio aconteceu logo após a cantora ser chamada ao palco por Carlinhos Brown, que a apresentou para o público. As vaias ocorreram em meio à polêmica envolvendo a alteração de um verso da música “Caranguejo”, que gerou críticas por parte de setores culturais e religiosos.
Claudia Leitte (Foto: Instagram/@claudialeitte)
Cantora é criticada por mudar
verso de música e é investigada pelo MP-BA
por intolerância religiosa
A controvérsia teve início após Claudia Leitte, que é evangélica há 12 anos, substituir a expressão "Saudando a rainha Iemanjá" por "Eu canto ao meu Rei Yeshua", uma referência a Jesus Cristo, na versão atual da música. A alteração, que pode ser vista como uma tentativa de vincular a música ao seu compromisso religioso, provocou reações adversas, principalmente de representantes de religiões de matriz africana.
Em resposta às críticas, o secretário de Cultura e Turismo de Salvador, Pedro Tourinho, fez um contundente posicionamento em suas redes sociais, afirmando que a mudança na letra da música é uma forma de racismo religioso. “Quando um artista se diz parte desse movimento, saúda o povo negro e sua cultura, reverencia sua percussão e musicalidade, faz sucesso e ganha muito dinheiro com isso, mas de repente, escolhe reescrever a história e retirar o nome de Orixás das músicas, não se engane: o nome disso é racismo”, escreveu o secretário, embora não tenha mencionado especificamente o nome de Claudia Leitte.
Além das vaias e das críticas públicas, a cantora agora enfrenta uma investigação formal do Ministério Público da Bahia (MP-BA), que a está apurando por suspeita de intolerância religiosa. A promotora Lívia Sant'Anna Vaz, da Promotoria de Justiça de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa, confirmou à Folha que o MP-BA iniciou a apuração após o show ocorrido no último sábado (14), em que Leitte alterou a letra da música, o que gerou grande indignação entre os representantes de religiões de matriz africana.
A cantora ainda não se manifestou publicamente sobre as vaias ou a investigação do MP-BA.
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